O Rio Grande do norte atravessa uma tenebrosa e brutal estatística, está no ranking de estados que mais registram mortes de mulheres vítimas do feminicídio, onde a morte é motivada pelo simples fato da vítima ser mulher. Em 2017 só em Natal e outros municípios foram registrados em 11 dias seguidos, 11 mortes de mulheres vítimas de seus próprios companheiros, pelo simples fato delas romperem o relacionamento. As mulheres envolvidas nestas estatísticas são principalmente mulheres negras e moradoras das periferias. Em meio a estes fatos temos dados também das crianças(meninas) que se encontram no mesmo grau de vulnerabilidade. Em 2015 nos chocamos com o caso Maria Eduarda do município de Extremoz/RN, uma criança de apenas 11 anos de idade que foi estuprada, assassinada e enterrada, foi vítima de um homem de 38 anos que morava próximo a residência dela.
Neste ano de 2018 as taxas de assassinato de mulheres vêm crescendo e seus algozes são principalmente seus companheiros, amigos, pessoas próximas aos quais a vítima tinha algum tipo de confiança. Nesta terça, dia 24 de abril nos chocamos com a descoberta do corpo enterrado em uma casa de mais uma menina, Yasmim Araújo de 12 anos que estava desaparecida desde março deste ano na comunidade da África, bairro da Redinha em Natal/RN. O suspeito de praticar o crime é o vizinho, o pedreiro que estava fazendo uma obra ao lado da casa da criança. Existem forte indícios de abuso sexual, o que torna tudo mais chocante, aterrorizante e triste.
Não podemos nos calar diante de um fato assustador, que é a violência contra as mulheres do RN, do Brasil e do Mundo, que vem aumentando a cada ano. O machismo é uma cultura implantada na nossa sociedade, e está a serviço da opressão das mulheres, enquanto uma minoria privilegiada esbanja direitos, uma grande maioria das mulheres trabalhadoras é submetida à brutalidade cruel do machismo. Nós mulheres pobres, negras e das periferias sofremos muito mais com a cultura do estupro que vem sendo naturalizada há séculos, com a cultura de que somos propriedade dos homens, uma vez que estamos em um relacionamento com eles, com a cultura de que não temos voz, nem vez. Não aguentamos mais tantas mortes impune. Queremos justiça para todas as Marias Eduardas, e Yasmins, que essas meninas não sejam apenas números estatísticos. Precisamos lutar contra o machismo enraizado em nossa sociedade, precisamos lutar contra esse modelo social patriarcal e capitalista que ceifa nossas vidas, como mulheres enquanto crianças e adultas das formas mais brutais.
Que Maria Eduarda e Yasmin estejam presentes em todas as lutas das trabalhadoras e trabalhadores do RN, que passam por tanto sucateamento na saúde, educação, segurança, e serviços básicos, que passam por tantos ataques e retiradas de direitos dos governos. Somos vítimas dos mais diversos casos de violência machista, portanto nossa força será nossa voz e união.
Maria Eduarda e Yasmin, Presentes! Hoje e Sempre!