Para abrir os trabalhos do último dia do 2° Encontro Nacional do MML foi realizada uma mesa sobre organização e trabalho de base. As expositoras foram a dirigente da Secretaria Nacional da CSP-Conlutas Joaninha Oliveira e a professora e militante do Quilombo Raça e Classe do Maranhão Claudia Durans.
Joaninha iniciou resgatando os 10 anos de história do MML, que se confundem com a construção da CSP-Conlutas e com as principais lutas do período. “O MML surge a partir de um grupo de mulheres que começam a se organizar em meio ao surgimento da CSP-Conlutas e que discutiam não só suas pautas específicas, mas como ajudar na aplicação do programa que diz respeito a toda a classe, na estratégia que é destruir o capitalismo e construir uma sociedade socialista, sem exploração, sem opressão”, disse.
O perfil classista e de independência necessário à luta das mulheres também foi destacado por Joaninha. “Nós, do MML, sabemos que todas as mulheres sofrem opressão, mas só as mulheres da classe trabalhadora sofrem opressão e exploração, portanto, só as mulheres da classe trabalhadora são capazes de impor uma derrota aos patrões e aos governos, porque a sua condição social é de trabalhadora explorada”, afirmou.
Ainda segundo a dirigente a luta contra o machismo, a homofobia, a transfobia, a todas as discriminações, não é contra os homens. “É COM os homens da nossa classe e também uma luta para fazer com que os homens de classe trabalhadora sejam menos machistas”.
Sobre a correlação de forças entre as classes no país e a tarefa das mulheres, Joaninha questionou aqueles que falam de uma suposta situação reacionária e defendem qualquer tipo de unidade e a defesa de Lula. “O MML tem um programa em que temos como uma das bandeiras centrais a defesa da prisão de TODOS os corruptos e corruptores, e confisco dos seus bens. Nós não existimos para nos atrelarmos a nenhum governo que explora a classe e aplica a opressão, como fez Dilma e o PT”, disse.
Joaninha concluiu dizendo: “Vivemos num sistema onde vemos a violência e a exploração, onde não cabem os seres humanos, em que pessoas são ilegais, como tratam os imigrantes. Mas nesse momento também assistimos aqueles que se levantam e estão lutando, como na Nicarágua, na Palestina, na Síria, na Argentina, no Brasil. Mas se a história da humanidade é a da luta de classes, podemos ter orgulho de dizer, que nesse encontro aqui, a duras penas, com muito esforço, podemos dizer que a luta vai continuar! ”.
Claudia Durans, do Movimento Quilombo Raça e Classe, do Maranhão, ressaltou o encontro vitorioso do MML. “Estamos aqui, cerca de 1 mil mulheres, pobres, negras, indígenas, das periferias, trabalhadoras de todo o país. Sabemos o esforço para organizar as caravanas e todas as dificuldades que temos para militar e tivemos de enfrentar para chegar aqui”, disse.
“A vida não está fácil. São ataques e retiradas de direitos, mas vemos muitas lutas. É só ver o que está acontecendo por baixo, nas categorias, nos movimentos, nos bairros, nos quilombos, com os povos indígenas. A nossa classe está se movendo. Não existe uma onda conservadora. O que existe é polarização. Depois de 14 anos de governos de Frente Popular, de conciliação de classes, os trabalhadoras e trabalhadoras deixaram de acreditar nas eleições, nos de cima, e dizem basta”, falou. “Lula não está sendo preso por ter melhorado e defendido os trabalhadores. Está preso por envolvimento em corrupção. A classe não comemorou, mas não lamentou e nem foi aos atos”, afirmou.
“Nós, do MML, temos de estar atentas a situação de polarização, às novas formas de lutas, como a luta pela retomada de territórios urbano e rural, por indígenas, quilombolas, onde temos mulheres à frente das lutas e que não têm medo nem de bala. Atentar às batalhas de rima que a juventude está fazendo no hip hop, em que denunciam a situação cotidiana que estão vivendo, às LGBTS que se organizaram nas ocupações das escolas”, defendeu Claudia.
“A necessidade nos empurra para a luta. Falta ligar os pontos, pois a situação da ocupação em Jacareí é a mesma do quilombo no Maranhão. E ligar os pontos é apresentar essa realidade, a necessidade de organização e dar um direcionamento para essas lutas contra nossos inimigos, os governos e os patrões e inimigos da nossa classe. Para isso, o MML tem de estar junto com as mulheres que estão lutando, com a juventude nas periferias, com as trabalhadoras da saúde, professoras. Enfim, nós temos de estar atentas e inseridas em meio a esse “fogo de monturo” que está fervendo por baixo”, afirmou.
“Sigamos com a tarefa e a disposição para construir um movimento forte de mulheres, pobres, pretas, trabalhadoras, revolucionário, que aponte para a construção de uma nova sociedade, onde possamos ser felizes e amar sem preconceito”, concluiu.