Apesar de gravações com pedido de propina e até ameaça de morte, por 44 votos a 26, o plenário do Senado, nesta terça-feira (18), decidiu devolver o mandato de Aécio Neves (PSDB). O senador estava afastado e com ordem de recolhimento noturno desde o último dia 26, após decisão da Primeira Turma do STF (Supremo Tribunal Federal).
Aécio foi denunciado por corrupção passiva e obstrução da Justiça, com base nas delações da empresa JBS. O senador foi gravado pedindo ao empresário Joesley Batista R$ 2 milhões em troca de sua atuação política. Na gravação, durante negociação para ver quem receberia o dinheiro, Aécio chega a dizer “tem de ser um que a gente mata ele antes de fazer delação”.
Os 44 votos a favor de Aécio vieram do PMDB e do PSDB, além do PP, PRB, PR, PTC e Pros. Liberaram suas bancadas o DEM e PSD.
Operação Salva Corruptos
Aécio precisava de, no mínimo, 41 votos para voltar ao Senado. Obteve três votos a mais. Entre os salvadores do tucano, 19 também são alvo da Lava Jato. Entre eles, os peemedebistas Renan Calheiros, Valdir Raupp, Romero Jucá e Garibaldi Alves, denunciados sob a acusação de corrupção e lavagem de dinheiro.
A salvação de Aécio não ocorreu sem a ajuda do próprio STF que, na semana passada, por 6 votos a 5, decidiu que o Tribunal não pode afastar parlamentares por meio de medidas cautelares sem o aval do Congresso Nacional. Foi a deixa para que os senadores tivessem passe livre para a operação salva corrupto nesta terça-feira.
Um pedido de abertura de processo contra Aécio no Conselho de Ética por quebra de decoro parlamentar está parado há quase um mês.
Nesta quarta-feira (18), é a vez de entrar em ação a operação para salvar Temer. A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara retoma as discussões sobre o relatório do deputado Bonifácio de Andrada (PSDB) que pede a rejeição da segunda denúncia contra o presidente. A expectativa é de que o colegiado vote ainda nesta quarta o parecer, o que permitirá a apreciação do tema no plenário da Câmara na próxima semana, como querem os governistas.
“Está em curso uma operação de salvamento mútuo entre esse governo e o Congresso tomado por corruptos. Executivo, Legislativo e Judiciário se articulam para tentar estancar a grave crise política instalada no país, mas não para responsabilizar os responsáveis, mas sim para garantir a impunidade para todos eles”, denuncia o integrante da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas, Paulo Barela.
“Essa quadrilha só terá um basta com o povo nas ruas. Por isso, o dia 10 de novembro definido por sindicatos e centrais sindicais como um dia nacional de luta contra as reformas do governo é o momento para realizarmos uma grande mobilização rumo a uma nova Greve Geral no país, única forma de dar um basta a todos os ataques e por para fora todos os corruptos”, afirmou.