Na próxima quinta-feira (24), o Sindsaúde realizará um curso de formação política sindical com as servidoras e servidores da saúde sobre a origem da opressão da mulher. O curso é uma elaboração do Instituto LatinoAmericano de Estudos Socioeconômicos (ILAESE), e será ministrado pela pesquisadora, Ana Paula Santana.
Com o nome: ‘A opressão da Mulher na História’, o curso irá abordar temas o surgimento da propriedade privada, elemento essencial ao sistema capitalista. “Neste sistema, as mulheres trabalhadoras são ainda mais exploradas que os homens porque, além de venderem sua força de trabalho para os capitalistas, elas têm que assumir as tarefas de casa, que são muitas, pesadas e diárias. É o que vamos chamar aqui de dupla jornada”, trecho da introdução do conteúdo do curso.
O curso terá início às 8h, no auditório do Sindsaúde, com a carga horária de 4 horas. As servidoras e servidores presentes também poderão receber um certificado de participação do curso.
Para Kelly Jane Teixeira, diretora e coordenadora da Secretaria de Opressões do Sindsaúde-RN, apesar das conquistas que as mulheres arrancaram com as lutas, a opressão da mulher continua forte nos dias atuais.
A opressão da mulher na sociedade é algo que continua vigente, mesmo com as grandes conquistas que conseguimos através das lutas ao longo da história. Continuamos sendo violentadas todos os dias, os dados de feminicídio estão aí para provar. No Brasil há cada duas horas uma mulher é assassinada. Ainda recebemos menos que os homens trabalhando na mesma função, e quando a mulher é negra, a opressão ainda é maior", disse Kelly Jane Teixeira.
Dados recentes do Ministério da Saúde, levantados pela Folha de São Paulo, divulgou que nos últimos cinco anos, o número de estupros coletivos cresceu 400% no estado do Rio Grande do Norte, ficando em quinto lugar na lista de estados que tiveram maior variação no número de estupros coletivos. Esses dados são referentes ao perído entre 2011 e 2016. Para Kelly, isso demonstra que a violência contra as mulheres é um reflexo da sociedade machista que ainda pensa que as mulheres são seres inferiores e que seu corpo é público.
"É assustador esses dados, em pensar que eu posso sair de casa e ser mais uma vítima da violência contra a mulher, me dá medo. Esses dados só não são maiores porque muitas das mulheres que sofrem estupro não chegam a prestar queixa na delegacia", declarou.
No dia 7 de agosto, a lei Maria da Penha completou 11 anos de sua existência. Apesar de sua aprovação ter sido uma conquista da luta dos movimentos de mulheres, a questão da violência machista está longe de ser superada. Infelizmente, existem outros números que contribuem para a permanência dessa realidade para as mulheres, principalmente as pobres e da classe trabalhadora. São os cortes realizados todos os anos no orçamento de políticas para mulheres. O governo Dilma investiu apenas R$0,26 centavos por cada vítima da violência, enquanto Temer já cortou 60% do orçamento dessa pasta.
"Entender a origem da opressão, é saber que machismo não surgiu de hoje e que a opressão é uma das substâncias que alimenta esse sistema capitalista. Este curso vai ser muito importante para que as mulheres e homens da saúde compreendam que é necessário combater o machismo diariamente, mas que ele só acaba quando destruirmos esse sistema”, conclui Kelly.