“A jornada de Natal para Brasília foi longa, mas valeu a pena”, disse a servidora da saúde Lurdes Souza. A caravana que saiu com os servidores da saúde do RN e servidores de outras categorias, movimentos sociais e estudantis partiu na noite da madrugada de segunda-feira (22). Cerca de 11 ônibus saíram do RN com destino à Brasília - sendo seis das entidades filiadas à CSP-Conlutas. O Sindsaúde levou dois ônibus com servidores de Natal e cidades como Macaíba, Pau dos Ferros, Santa Cruz, Caicó, entre outras. O Sindsaúde Regional de Mossoró, junto com o Fórum da Região Oeste Potiguar, levou um ônibus.
Foram horas na estrada. Nas paradas foi possível encontrar caravanas de diversas cidades. Os servidores demonstravam um pouco de ansiedade. Nos ônibus foram eleitas coordenações, uma forma de envolver a base nas decisões. As coordenações é quem abriam o dialogo com os motoristas e que organizavam as paradas e a agenda do dia, após as propostas de todo o conjunto do ônibus. Nas programações os servidores puderam debater a conjuntura, assistir filmes, escutar os mais variados estilos musicais e teve até Karaokê.
A caravana da saúde desembarcou em Brasília logo cedo, na madrugada da quarta-feira (24). Por volta das 4h da manhã os ônibus pararam em frente ao estádio Mané Garrinha e se juntaram às demais caravanas de toda a parte do País. A concentração da marcha começou às 09h e ao meio-dia a marcha saiu em direção à Esplanada dos Ministérios. Já era possível visualizar a disposição de luta nos olhos dos trabalhadores (as) e da juventude que estavam ali presentes cantando as palavras de ordem e fazendo a agitação.
Antes mesmo da marcha chegar na Esplanada, a manifestação foi covardemente reprimida. Comandada pelo governador Rodrigo Rollemberg (PSB), a PM do Distrito Federal, revistou manifestantes no trajeto da Esplanada, mas não teve força que segurasse a vontade de lutar dos trabalhadores (as) que gritavam Fora Temer, suas reformas e todo aquele Congresso de ladrão.
Os manifestantes conseguiram romper o bloqueio da PM e saíram em direção à Esplanada. Com os gritos “Avancem, eles não vão nos derrotar”, a marcha avançou, mas a entrada da Praça dos Três Poderes já estava bloqueada pela PM, junto com o Exercito, Marinha e Aeronáutica. A quantidade de bombas de gás lacrimogêneo e gás de pimenta, armas de fogo e cavalaria contra os manifestantes foi imensa. A Esplanada dos Ministérios parecia um cenário de guerra. A solidariedade de classe estava presente. As pessoas ajudavam umas as outras mesmo não conhecendo, o vinagre e o leite de magnésia eram socializados com todos que pediam ajuda.
Mas o que Temer não esperava era a disposição dos manifestantes e a vontade de resistir e seguir lutando. Ao mesmo tempo em que eles corriam das bombas, os manifestantes voltavam mais determinados. A coluna da CSP-Conlutas esteve à frente dessa resistência durante 4 horas juntamente com organizações de esquerda que compunham o ato.
'Temer Fora, Congresso Fora, Reformas Fora, Greve Geral de 48h'
O Ocupa Brasília que reuniu mais de 150 mil pessoas demonstra mais um passo da luta que vem crescendo em todo o país. A Greve Geral no dia 28 de abril demonstrou que os trabalhadores estão dispostos a colocar abaixo as reformas da Previdência e Trabalhista, o Dia Internacional da Mulher, no último 8 de março, que se somou à Greve Internacional da mulheres, o dia 15 com Paralisação Nacional e Lutas e o dia 31 de março foram importantes dias de luta. A CSP-Conlutas convoca uma nova greve geral, mas dessa vez mais extensa de 48h. Esse é um chamado às demais centrais como a CUT, que até o momento não querem marcar a data de uma nova greve.
Os servidores da saúde que ocuparam Brasília, voltam com uma garra e com uma disposição de construir uma Greve Geral de 48h. A viagem de volta para Natal foi entoada pela palavra de ordem: "Temer Fora, Congresso Fora, Reformas Fora, Greve Geral de 48h".
Para Lourdes Souza, servidora da saúde do hospital de Macaíba, essa foi a sua primeira experiência de muitas que virão. Em seu relato de avaliação do Ocupa Brasíla no ônibus, a servidora afirmou que não pretende parar. "Naquele momento que eu vi o companheiro no carro de som dizendo assim: Voltem, vocês não estão sozinhos, voltem!" Aí eu quis fracassar, eu deitei o meu rosto na grama e quando disseram que um companheiro nosso estava ferido, eu sentir o ferimento no meu corpo. Eu senti como se fosse eu... Eu pude realmente saber o que é a luta, porque foi a minha primeira experiência e eu não pretendo parar!", disse a servidora.
Confira o relato da servidora: