Na manhã desta terça-feira, 16, um ato público chamou a atenção de acompanhantes e servidores do Deoclécio Marques, em Parnamirim. O protesto denunciou a perseguição e o processo movido contra três servidores do Centro Cirúrgico do hospital. Os três estão sendo processados por ‘abandonar o posto de trabalho’ no dia 08 de novembro de 2016, quando participaram de um protesto exigindo vigilância no hospital
O ato de hoje foi marcado pelo sentimento de solidariedade com os três colegas, que estavam representados pela técnica de enfermagem Sayonara Rodrigues. A palavra de ordem “Mexeu com um, mexeu com todos” foi cantada várias vezes, pelos servidores da enfermagem, da nutrição, da recepção, do setor administrativo e do serviço social do hospital, além de diretores do Sindsaúde e servidores do Santa Catarina, Walfredo Gurgel e do SAMU.
O diretor do Sindsaúde João Assunção afirmou que os servidores não estarão sozinhos. “Estávamos todos naquele dia no ato. Porque escolheram vocês três?”, questionou. Ele criticou a então diretora do hospital, lembrando que ela mesma presenciou situações de violência e ameaças, sem vigilantes, o que motivou o ato. João convocou todos os servidores a participar do abaixo-assinado, que será entregue à direção, ao Ministério Público e à Sesap, e continuar a campanha.
GALERIA DE FOTOS DO ATO
Rosália Fernandes destacou a criminalização dos movimentos sociais e o aumento do assédio no serviço público. Ela citou o afastamento de Nereu Linhares do Ipern e denunciou um caso recente, de servidoras do Walfredo que foram devolvidas à Sesap por terem se recusado a aceitar um plantão com uma equipe muito reduzida. “A primeira palavra que marca esse ato é a solidariedade. Mas a outra é a indignação. É um absurdo o que está acontecendo. Não podemos nos calar”, afirmou.
Ao final do ato, alguns servidores trouxeram a denúncia de que o hospital estava proibindo a entrada deles em dias fora da escala. E relataram ainda um episódio no qual foi pedido para revistar a bolsa de servidores na portaria do hospital. Imediatamente, uma comissão subiu para falar com o diretor do hospital, Edmilson de Albuquerque Júnior, que assumiu o cargo em dezembro.
Uma comissão do Deoclécio irá acompanhar os diretores do Sindsaúde ainda nesta semana em uma audiência com o secretário de Saúde, George Antunes, para debater, entre outros pontos, o processo judicial e o assédio no hospital.
ENTENDA O CASO
Em 2016, durante mais de três meses, o Deoclécio permaneceu sem nenhum vigilante. O clima era de medo, com os servidores sofrendo ameaças, agressões, com casos de assédio sexual e até ameaças com facas. O controle da portaria era feito por um maqueiro. À noite, o acesso era livre.
No dia 08 de novembro, os servidores realizaram um ato público com o Sindsaúde na frente do hospital, com ampla cobertura da imprensa. Em seguida, reuniram-se com a direção do hospital e o Coren e cobraram uma solução. Parte dos servidores permaneceu parada, na sala da direção, aguardando resposta da Sesap. Ao final, conseguiram uma solução parcial, com um vigilante à noite.
Mas, para o médico Leonardo Souza Barros, diretor técnico do hospital, os servidores cometeram um crime ao participar do protesto. Ele registrou um boletim de ocorrência na delegacia policial contra três servidores do Centro Cirúrgico, que saíram para participar do ato e do movimento. A denúncia é “abandono de posto” de trabalho e o Ministério Público é co-autor na ação judicial.