Na terça-feira (16), os servidores do Hospital Deoclécio Marques e de outros hospitais farão um ato público, em solidariedade a tres colegas, servidores do Centro Cirúrgico, que estão sendo alvos de um processo judicial, por 'abandono de função', por participarem de um protesto em novembro. O ato foi aprovado na assembleia geral da categoria, no dia 10, e é parte do calendário de luta geral, que tem como ponto alto a caravana a Brasília, no dia 24 de maio.
"Este é um ataque a toda a categoria. É uma tentativa de nos intimidar. Precisamos mostrar que não vamos aceitar esse autoritarismo e que vamos continuar lutando, saindo para os atos. A nossa luta não pode ser caso de polícia", convoca João Assunção, diretor do Sindsaúde-RN. Além do ato, o sindicato está realizando uma campanha, com adesivos e cartazes, e prestando assessoria jurídica aos três servidores.
ENTENDA O CASO
Em 2016, durante mais de três meses, o Deoclécio permaneceu sem nenhum vigilante. O clima era de medo, com os servidores sofrendo ameaças, agressões, com casos de assédio sexual e até ameaças com facas. O controle da portaria era feito por um maqueiro. À noite, o acesso era livre.
No dia 08 de novembro, os servidores realizaram um ato público com o Sindsaúde na frente do hospital, com ampla cobertura da imprensa. Em seguida, reuniram-se com a direção do hospital e o Coren e cobraram uma solução. Parte dos servidores permaneceu parada, na sala da direção, aguardando resposta da Sesap. Ao final, conseguiram uma solução parcial, com um vigilante à noite.
Mas, para o médico Leonardo Souza Barros, diretor técnico do hospital, os servidores cometeram um crime ao participar do protesto. Ele registrou um boletim de ocorrência na delegacia policial contra três servidores do Centro Cirúrgico, que saíram para participar do ato e do movimento. A denúncia é “abandono de posto” de trabalho.
Para o Sindsaúde, trata-se de uma tentativa de intimidar os servidores, para que estes não participem de futuras atividades, reuniões e lutas da categoria. A servidora Sayonara, do Centro Cirúrgico, também vê perseguição. “Eu me sinto perseguida, me sinto assediada. Todos nós participamos naquele dia. Por que a perseguição só contra o Centro Cirúrgico? Qual o interesse?”, questiona.
Criminalização dos movimentos sociais
Nos últimos dias, antes e depois da greve geral do dia 28 de abril, ocorreram diversos casos de ataques aos trabalhadores e à juventude, como a prisão de três ativistas do MTST, em São Paulo; a bárbara agressão ao estudante Mateus, em Goiânia; um tiro no rosto de uma jovem em uma desocupação em Minas Gerais; a repressão policial aos atos de rua, ataques ao refugiados palestinos e aos povos indígenas. Por todo o país, foram muitos os casos de ameaças de corte de ponto e até empresas obrigando trabalhadores a dormir no local de trabalho na véspera da greve. Todos são ataques aos trabalhadores, que estão lutando e resistindo com muita força às reformas e tentativas de retirada dos direitos.