No ano passado, durante mais de três meses, o hospital Deoclécio Marques permaneceu mais de três meses sem nenhum vigilante. O clima era de medo, com os servidores sofrendo ameaças, agressões, com casos de assédio sexual e até ameaças com facas. O controle da portaria era feito por um maqueiro. Durante a noite, o acesso era livre. Mesmo assim, os servidores iam trabalhar sem faltar, mantendo o atendimento.
No dia 08 de novembro, realizaram um ato público com o Sindsaúde na frente do hospital, com ampla cobertura da imprensa. Em seguida, reuniram-se com a direção do hospital e o Coren e cobraram uma solução. Parte dos servidores permaneceu parada, na sala da direção, aguardando resposta da Sesap. Ao final, conseguiram uma solução parcial, com um vigilante à noite.
Mas, para o médico Leonardo Souza Barros, diretor técnico do hospital, os servidores cometeram um crime ao participar do protesto. Ele registrou um boletim de ocorrência na delegacia policial contra três servidores do Centro Cirúrgico, que saíram para participar do ato. A denúncia é “abandono de posto” de trabalho.
Para o Sindsaúde, trata-se de uma tentativa de intimidar os servidores, para que estes não participem de futuras atividades, reuniões e lutas da categoria. “É um absurdo completo. Quer dizer que os servidores podem ficar meses com a sua vida correndo risco mas não podem parar um dia para lutar por seus direitos? A nossa luta não é caso de polícia”, afirmou João Assunção, diretor do Sindsaúde.
A servidora Sayonara, do Centro Cirúrgico, também vê perseguição. “Eu me sinto perseguida, me sinto assediada. Todos nós participamos naquele dia. Por que a perseguição só contra o Centro Cirúrgico? Qual o interesse?”, questiona.
A assessoria jurídica do Sindsaúde está acompanhando o caso, preparando a defesa dos servidores para a audiência na Justiça, que está marcada para o dia 01 de junho. “Além da defesa, queremos fazer uma campanha em defesa dos nossos colegas, em especial no Deoclécio. Mexeu com um, mexeu com todos”, convoca João Assunção.
Galeria de fotos do ato no dia 08 de novembro
Veja vídeo com denúncias da insegurança no hospital
Criminalização dos movimentos sociais.
Nos últimos dias, antes e depois da greve geral do dia 28 de abril, ocorreram diversos casos de ataques aos trabalhadores e à juventude, como a prisão de três ativistas do MTST, em São Paulo; a bárbara agressão ao estudante Mateus, em Goiânia, que respira com a ajuda de aparelhos; um tiro no rosto de uma jovem em uma desocupação em Minas Gerais; a repressão policial aos atos de rua, ataques ao refugiados palestinos e aos povos indígenas. Por todo o país, foram muitos os casos de ameaças de corte de ponto e até empresas obrigando trabalhadores a dormir no local de trabalho na véspera da greve. Todos são ataques aos trabalhadores, que estão lutando e resistindo com muita força às reformas e tentativas de retirada dos direitos.