Após uma paralisação geral na radiologia do Hospital Santa Catarina, logo após o carnaval, técnicos de radiologia de outros hospitais decidiram reduzir o atendimento, para exigir do governo a reposição do dosímetro, equipamento que mede o nível mensal de radiação que cada técnico é exposto e que não vem sendo substituído há vários meses.
Os servidores iniciaram a redução do atendimento nesta quinta-feira (09), suspendendo exames fora das salas de raio X, como os solicitados pelas UTIs e Enfermarias e operações com o Arco Cirúrgico em sala de cirurgia. Apenas exames dentro da sala de raio-x serão mantidos. A operação será mantida até a reposição dos dosímetros. Em alguns hospitais, como o Deoclécio Marques, as direções têm buscado soluções emergenciais, comprando diretamente os dosímetros - cada equipamento custa apenas R$ 20,59.
A operação será mantida até uma nova assembleia geral, no dia 29 de março, quando irão avaliar a realização de uma greve, com início no dia 03 de abril. “Caso o problema não seja resolvido, a proposta é realizar apenas os exames de casos mais graves, como ferimento de armas de fogo ou arma branca”, afirma Manoel Egídio Jr., coordenador geral do Sindsaúde.Os técnicos também discutiram ainda itens da pauta específica e relataram problemas que persistem. Um técnico de radiologia do Santa Catarina, que teve parte da perna amputada recentemente devido a um câncer, questionou a falta de condições de trabalho. “Eu não tenho nem condições de saber o que foi que causou o câncer, pois não tive como medir a radiação. Médico do trabalho praticamente não existe. Eu levei cinco anos no estado pra ter uma consulta. A nossa lei manda que a gente passe por exames a cada seis meses”, denunciou.
Outro técnico denunciou a situação que havia no Deoclécio Marques, quando o sindicato denunciou o risco de vazamento de radiação, antes da instalação de um vidro. “Na época, contestaram dizendo que a radiação não estava atingindo os pacientes no corredor, mas apenas os técnicos de radiologia. Então quer dizer que tudo bem? Se for a gente pode?”, questionou.