Servidores municipais permanecem ocupando o prédio da Prefeitura de Natal (RN), em protesto contra os descontos nos salários. O protesto foi convocado pelos sindicatos do município, após o corte que atingiu centenas de servidores das Secretarias de Saúde e de Assistência Social, que haviam participado de uma greve que durou 80 dias, sendo encerrada em janeiro.
O grupo está se revezando e passando a noite no saguão da Prefeitura, em colchonetes. Neste final de semana, a ocupação foi bastante movimentada. No sábado as servidoras participaram de uma oficina de materiais com o Movimento Mulheres em Luta e confeccionaram cartazes e pirulitos para o dia 8 de março. No domingo, servidoras e servidores organizaram uma programação cultural durante o dia e a animação ficou por conta da banda Roda de Bambas. Teve almoço, diversão e muito samba no pé e protesto contra o prefeito Carlos Eduardo. Sem falar que toda noite o grupo faz o Cine Ocupação, com a exibição de filmes para estimular o debate. No primeiro dia de ocupação, foi exibido o filme: “Estrelas Além do Tempo”, a história de três mulheres, do diretor Theodore Melfi. No sábado à noite, foi exibido o filme: “Moonlight – Sob a Luz do Luar”, do diretor Barry Jenkins, ganhador da categoria de melhor filme do Oscar 2017.
Em alguns casos, o desconto atingiu quase todo o salário, zerando o contracheque. Uma servidora chegou a receber apenas R$ 1,71 e o contracheque da maioria veio com menos do que um terço do salário. Os sindicatos que coordenaram a greve preparam uma ação judicial, argumentando que os salários são a única fonte de renda dos servidores, e irão buscar apoio dos vereadores, que já aprovaram um requerimento por unanimidade, pedindo que o prefeito devolva os valores descontados.
A greve dos servidores municipais de Natal foi motivada pelo atraso no pagamento dos salários, que chegou a ultrapassar 30 dias. Todos os servidores municipais – a exceção dos professores – passaram o Natal sem receber o salário de novembro, que só foi depositado no dia 28 de dezembro.
Para encerrar a greve, o prefeito Carlos Eduardo Alves (PDT) enviou um documento aos sindicatos (Sindsaúde, Sinsenat, Sindguardas, Sindern, Soern), com o compromisso de não implantar o corte de ponto, que seria discutido em uma mesa de negociação permanente. Mesmo assim, na véspera do carnaval, o prefeito anunciou os descontos, que superou R$ 1 milhão, e chamou a greve de 'ilegal', mesmo sem qualquer decisão judicial a respeito. Para completar, a prefeitura lançou uma nota à população declarando que os sindicatos romperam com o diálogo ao “invadirem” a prefeitura. Postura essa, que tenta jogar a população contra a ocupação, criminalizando o movimento.
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