Seis meses após as acusações de que Eduardo Cunha (PMDB-RJ) tinha conta na Suíça, o ministro do Supremo Tribunal Federal e relator do processo da Lava Jato, Teori Zavascki, determinou o afastamento do presidente da Câmara na manhã desta quinta-feira, 5. Cunha. Eduardo Cunha não perdeu o cargo de deputado, mas deixa a presidência da Casa, posição que se mantinha para impedir que seu processo no Conselho de Ética fosse adiante.
Cunha é reu no STF por corrupção e lavagem de dinheiro. Zavaski concedeu liminar com base no pedido de afastamento realizado pelo Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, que descrevia as manobras e intimidações que Cunha utilizava para se manter no cargo.
A medida é uma vitória, mas ainda é pouco. Além do envolvimento em corrupção, Cunha é o autor de vários projetos conservadores, como os projetos da redução da maioridade penal, o estatuto da família e a privatização da saúde. Ainda no ano passado, foi autor do PL 5069, que indignou o movimento de mulheres, levando-as às ruas de todo o País. O movimento ficou conhecido como a “Primavera das Mulheres”. O PL ameaça o atendimento às mulheres vítimas de violência sexual, proibindo a distribuição da pílula do dia seguinte. A proposta afeta, especialmente, as mulheres pobres, em sua maioria negras, usuárias do serviço de saúde pública.
Cunha também foi autor de uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 451/14, que obrigava a concessão de plano de saúde a trabalhadores urbanos e rurais por parte do empregador. Proposta que acabaou sendo barrada e que iria significar um duro ataque ao SUS e à saúde pública como um direito constitucional da população. Tudo isso porque o parlamentar recebeu o financiamento de planos e operadoras de saúde em sua campanha. Estava claro que o que Cunha queria, era retribuir a "ajuda amiga".
Mas, a manutenção de Cunha também teve uma ajudinha do governo Dilma (PT), que manteve a troca de favores até onde pôde. Para que o Presidente da Câmara não levasse pra frente o pedido de impeachment da Presidenta, seu processo permanecia parado. Até que o acordo se rompeu e a briga foi declarada.
Portanto, afastar Cunha deve ser só a primeira medida para a cassação dele. Este deputado também deve ser preso por seus crimes, assim como todos os envolvidos em corrupção. É preciso botar para fora todos eles e construir uma greve geral para colocar para fora Dilma, Temer, Cunha e esse Congresso Nacional corrupto e reacionário.