Esse 1° de Maio na avenida Paulista, marcado pelo céu azul numa manhã de outono paulistana, mostrou que existe uma alternativa política que não é Dilma (PT), mas também não é Temer, Cunha (ambos do PMDB) nem Aécio (PSDB).
Estavam trabalhadores, jovens, que lutam contra opressões, por terra e moradia, que estão dispostos a buscar uma alternativa nas lutas e que derrube essa corrupção, os ataques aos direitos proferidos pelo governo petista e por essa oposição de direita.
Defendida por diversas entidades e movimentos que compõem o Espaço de Unidade de Ação, a Greve Geral foi apresentada como fundamental para construir uma alternativa em defesa dos trabalhadores, da juventude e do povo pobre.
Cerca de vinte estados brasileiros traziam suas bandeiras pra avenida Paulista. O RN levou uma pequena caravana com trabalhadores da saúde, educação e gari. A principal palavra de ordem que ecoava na Paulista, era o chamado para a construção de uma Greve Geral no País, para derrubar Dilma, Temer, Cunha, Aécio e barrar o ajuste fiscal que ataca duramente os direitos dos trabalhadores.
Esse foi o tom do ato classista, independente e internacionalista, que encheu a Paulista de bandeiras vermelhas pelo socialismo neste 1 de Maio. Entre os 4 mil presentes estavam petroleiros, bancários, servidores públicos, estudantes e professores de escolas em luta, metalúrgicos, químicos, operários da construção civil, motoristas, aposentados, juventude os que lutam contra opressões e outros.
Um contraponto aos atos das centrais sindicais governistas, como CUT e CTB, que no Anhangabaú, defendem Dilma Rousseff (PT), e também Força Sindical, que na zona norte da cidade, aliada à oposição de direita, defende Michel Temer e Eduardo Cunha (ambos do PMDB). Um contraponto à ausência de questionamento aos golpes desferidos contra os trabalhadores e ã ausência de lutas contra tais ataques.
Na manhã deste domingo (1), o ajuste fiscal foi criticado por inúmeras entidades, assim como o corte de direitos, as demissões, as terceirizações e a reforma da previdência. “serviços públicos para os trabalhadores”, alguém diz.
Movimentos sociais como Luta Popular, Mulheres em Luta, Quilombo Raça e Classe, Moquibom, Assembleia Nacional dos Estudantes Livre, coletivos, e partidos de esquerda, como PSTU e correntes internas do PSOL marcaram presença.
“O impeachment de Dilma não é a solução porque troca ‘seis por meia dúzia’. Nós precisamos de um governo socialista, em que os trabalhadores possam governar através de conselhos populares. Enquanto isto não é possível, o mínimo que podemos reivindicar são eleições gerais para que o povo possa escolher seus representantes”, defendeu o presidente nacional do PSTU, José Maria de Almeida.
“Que golpe é esse de que tanto falam? Golpe foi o que o PT deu na classe trabalhadora. Infelizmente, alguns companheiros do PSOL caíram nessa de golpe e atuaram como linha auxiliar do governo do PT, votando contra o impeachment da presidente Dilma. Eu, se fosse parlamentar, iria me abster, pois não somos a favor do impeachment de Dilma, mas também não acreditamos nesse governo”, frisou João Bastista Oliveira de Araújo, o Babá, vereador do Rio de Janeiro pelo PSOL.
Internacionalismo
No ato da Avenida Paulista não foi esquecido que não é somente no Brasil que os trabalhadores vêm tendo direitos históricos atacados. “Na França vem acontecendo o mesmo e lá os trabalhadores estão resistindo com lutas”, ressaltou Cabral.
A presença de um dirigente sindical de Portugal e as mensagens da Itália, Espanha, Paraguai e Inglaterra lembraram que aquele era um ato internacionalista, resgatando a unidade da classe em todo o mundo. Herança de luta desde que os 12 trabalhadores mortos em Chicago (Estados Unidos), em 1886, durante uma greve que reivindicava a redução da jornada de trabalho.
Ali estavam também a defesa do povo palestino que luta contra o genocídio cometido pelos judeus sionistas, assim como do povo sírio contra a ditadura de Bashar al-Assad.
A CSP-Conlutas defendeu a unidade dos trabalhadores na luta por “Basta de Dilma, de Temer, de Cunha e de Aécio, precisamos organizar os trabalhadores numa Greve Geral”, defendeu Paulo Barela da Secretaria Executiva Nacional da Central.
Homenagem a Valdemar Rossi
Um momento que emocionou a muitos no ato foi a homenagem ao histórico metalúrgico de São Paulo, Waldemar Rossi da Pastoral Operária, que está hospitalizado e em estado delicado.
Rossi foi um dos fundadores da Oposição Metalúrgica de São Paulo e também da fundação da CUT e da construção, período em que eram consideradas representações de lutas dos trabalhadores.
Música na rua
Banda Záfrica e o hip hop, Nãnãna, da Mangueira, com o samba de raíz, e a Banda Rock. Com marcaram presença na Paulista descontraindo os que estavam no ato e animando o dia de luta dos presentes.
Crédito: Mateus Nobre
Mosaico de estudantes
Os estudantes de escolas ocupadas de São Paulo e Rio de Janeiro mostraram a o quanto essa luta vem se expandindo no país e fizeram o movimento operário repetir suas falas com os conhecidos mosaicos em que falam e todos reverberam a fala. Um momento de integração de trabalhadores e jovens estudantes secundaristas. “Trabalhadores e estudantes juntos por uma educação melhor no país”, disse um deles
Encerramento
O ato que havia começado por volta das 11 horas de domingo teve encerramento em torno 14h30 com a apresentação da banda Rock.com.
Nesta segunda-feira já começa com a reunião nacional do Espaço de Unida de Ação para avançar na luta para organizar uma alternativa dos trabalhadores, da juventude e do povo pobre no Brasil.
1° de Maio em Natal
Em Natal, o 1° de Maio ocorreu na feira do bairro de Nova Natal, na Zona Norte. O ato também defendeu uma alternativa dos trabalhadores e se opôs ao ato convocado pela CUT, governista, na praça das Flores, em Petropolis. O protesto contou com trabalhadores do serviço público como professores, bancários, servidores federais, estudantes e partidos de esquerda, como PSTU, POR e correntes internas do PSOL.
Crédito: José Rebouças