A votação do impeachment mostrou a podridão do Congresso Nacional. A Câmara dos Deputados é um grande balcão de negócios e os dois lados – governo e oposição – inauguraram um shopping center de votos, cuja fatura com certeza será enviada em breve para cada um de nós.
O espetáculo de domingo foi dirigido por Eduardo Cunha, um corrupto, com milhões na Suíça, e que tenta se livrar do julgamento na Câmara, com todo tipo de manobra. Centenas de parlamentares corruptos ou denunciados se revezaram para mandar um alô para o pessoal de casa, aparecer na telinha como honestos. O povo viu bizarrices, e se revoltou com cenas como a da homofobia de Jair Bolsonaro, que ainda fez um criminoso elogio a um torturador.
Os deputados da velha direita deram o primeiro passo para derrubar o governo do PT. Para isso, se apoiam na raiva da população, que não suporta mais os efeitos da crise econômica e da corrupção. A grande maioria dos trabalhadores não quer mais o governo Dilma ou pouco se importa se ele continua ou não, não enxerga essa briga como algo seu. O PT está colhendo o que plantou nestes 14 anos. Mas os deputados e senadores não têm moral para falar em nome da população. Basta ver que o deputado que deu o voto decisivo aparece na lista da lava jato.
A verdade é que os dois lados – o PT e a velha direita de quem foi aliado até agora – tentam enganar os trabalhadores. Nem a corrupção é um privilégio dos governos do PT, como diz Aécio, e nem a direita é a única a atacar e retirar direitos dos trabalhadores e das áreas sociais, como diz o PT.
O impeachment, se confirmado pelos senadores, irá retirar Dilma, colocando Michel Temer (PMDB) na Presidência, com Cunha como vice. Se for derrotado, Dilma permaneceria, aplicando ainda mais a receita dos empresários e barganhando apoio com os mesmos partidos corruptos.
Se Dilma pretende retirar direitos através do PL 257, que ataca servidores públicos, congela salários e até o salário mínimo, Temer tem plano semelhante, chamado de Ponte para o Futuro, que desobriga o Estado de investir valores fixos na Saúde e na Educação. E ambos concordam com ataque na aposentadoria, com a reforma da Previdência.
Os dois lados pretendem governar para empresas e bancos e jogar a conta da crise para os trabalhadores e a população, como foi feito nos países europeus, como a Grécia. Desde o ano passado, somos nós que estamos pagando o pato, com desemprego, inflação e piora dos serviços públicos e atraso dos salários.
Nem Temer, nem Dilma, nem Cunha representam os trabalhadores. Fora Todos! O Sindsaúde defende uma greve geral, para botar todos para fora e realizar eleições gerais, da Presidência ao Congresso. Não dá continuar com Dilma, nem que Temer assuma para governar contra os trabalhadores e manter a corrupção. E muito menos o bandido Cunha, que deveria estar preso.
Preparar o 1º de Maio e unificar as lutas pela Greve Geral
O povo desconfia de todos. Não quer Dilma, mas também não aceita Temer e Cunha, nem Aécio. Assim, é hora do movimento dos trabalhadores retomarem as ruas por suas bandeiras. A CSP Conlutas prepara um grande ato de 1º de Maio em São Paulo, com o lema “Contra Dilma (PT) e a alternativa de direita (PMDB, PSDB, DEM e outros), por uma alternativa dos trabalhadores, da juventude e do povo pobre”. Caravanas sairão de todo o País, rumo à SP.
Essa é a tarefa do momento e será reforçada neste mês, em busca da construção de um campo alternativo dos trabalhadores, para enfrentar os ataques de qualquer governo, seja do PT, seja do PMDB ou do PSDB. As Frentes Brasil Popular e Frente do Povo Sem Medo pretendem fazer um 1º de Maio em defesa do governo, continuando a semear ilusões e com o discurso do ‘golpe’.
Vamos continuar buscando uma alternativa dos trabalhadores, unindo forças na preparação deste 1º de Maio e unificando as lutas rumo à uma Greve Geral contra os governos e o ajuste fiscal.