Nesta quinta-feira (07), o Sindsaúde realizou uma reunião com os servidores do hospital Deoclécio Marques, em Parnamirim, para discutir as condições de trabalho, falta de enfermeiros e assédio moral da atual gestão. A reunião contou com a presença da assessoria jurídica do sindicato e o Conselho Regional de Enfermagem do RN (Coren).
A angústia fez parte de muitas falas dos servidores, quando relataram a falta de condições de trabalho, a sobrecarga, a falta de pessoal, corredores superlotados e o assédio da diretora Denise Aragão.
O condutor de ambulância gostou da iniciativa realizada pelo sindicato e ressaltou a importância da reunião. “Agradeço a realização da reunião, pois finalmente encontramos uma forma de sermos ouvidos”, disse.
Ele ainda, falou sobre o assédio que sofre pela direção e que nunca viu no Deoclécio o que acontecendo hoje. “Todo dia tem um fato novo, as pessoas são coagidas, assediadas, tiradas de suas funções. Muitas não têm coragem de reagir, pois têm medo. Denise me falou que iria me notificar porque eu disse que não iria cumprir uma função que não era minha. Depois disso estou sofrendo assédio e ameaças”, endagou.
Para a técnica de enfermagem, em relação as condições de trabalho, o hospital tá cada vez pior. “Já teve dias que ficamos com 18 leitos ocupados e mais sete macas com apenas dois técnicos. Nós cansamos de falar para a direção que não temos condições de assumir o setor sem enfermeiros, só com dois técnicos. Colocaram um paciente de saturando em uma maca no meio da enfermaria lotada, ele morreu, foi a óbito. E aí a culpa é nossa? Tudo cai em nossas costas, pois na clínica cirúrgica, técnico não tem capacidade de assumir paciente. É isso que eles falam. Eu não aguento mais trabalhar, sinceramente, eu saio de casa frustrada. Essa é a realidade”, disse técnica de enfermagem do CC.
Foram muitas falas e todas em comum: Condições de trabalho e assédio. Ao final o Coren pronunciou que já tinha feito uma visita ao Deoclécio, que conversou com servidores e que estava finalizando o relatório e o dimensionamento. Segundo o Coren, eles terão que escutar também a versão da direção.
Para Manoel Egídio, coordenador-geral do Sindsaúde, a situação da saúde é generalizada, pois os governos não dão prioridade e disse que os servidores não devem aceitar a imposição e o assédio.
Estamos vivendo uma crise que os primeiros a serem atingidos são os trabalhadores e os serviços públicos. São os governos que criaram isso, cortando 15 bilhões da saúde pública. Outra coisa é o assédio moral, os servidores não devem aceitar que a direção imponha coisas, devem questionar. Se a direção não está fazendo uma boa gestão vamos ter que intervir de alguma forma. (...) Nós já enviamos um ofício para a Sesap solicitando uma audiência com o secretário para tratar especificamente sobre a situação do Deoclécio Marques.
Ao final, o doutor Gonçalo, advogado do Sindsaúde falou da necessidade dos servidores não baixarem a cabeça para o assédio e falou que a assessoria do Sindsaúde estaria à disposição. “Nós realizamos atendimento na sede do sindicato e estaremos à disposição, caso vocês que por algum motivo não se pronunciaram queiram nos procurar. Acima de tudo vocês são seres humanos e merecem respeito. Fiquem sabendo que com a gente vocês poderão falar abertamente e sem medo”, disse Gonçalo.
O sindsaúde em conjunto com a comissão de servidores tirada após a reunião irá elaborar um relatório com todos os questionamentos feitos na reunião e encaminhar ao Ministério Público e à Sesap.