Opinião 1 - Diretoria do Sindsaúde-RN
Opinião 2 - GOSS - Grupo de Oposição ao Sindsaúde-RN
Opinião 3 - Corrente Proletária na Saúde / POR
Opinião 4 - Edneudo José, diretor estadual do Sindsaúde e da Regional Pau dos Ferros
Veja o PDF com as quatro opiniões
Opinião 1 - Diretoria do Sindsaúde-RN
Com PT, PSDB e PMDB nada vai mudar. Todos estão envolvidos com corrupção, enquanto os trabalhadores sofrem com a crise econômica. A hipocrisia do impeachment ou a defesa do governo Dilma não resolvem o problema. É hora de uma alternativa dos trabalhadores.
A crise econômica e a política se aprofundam. Dilma se elegeu dizendo que não ia penalizar os trabalhadores e isso foi uma mentira. Os trabalhadores se sentem traídos. Enquanto convivem com desemprego, inflação e epidemias, assistem a cúpula do PT denunciada por corrupção.
A sociedade está polarizada. Setores encabeçados pelo PSDB/DEM e a FIESP (Federação dos Empresários de SP) levaram milhões de pessoas às ruas, indignadas com a corrupção e pedindo o impeachment.
Do outro lado, o PT de Lula e Dilma denunciam que a tentativa de mudança do governo e a forma das investigações de corrupção seriam um golpe, como na ditadura militar. Essa ideia atrai setores de esquerda e muitas ativistas. Mas será que a queda de Dilma seria um golpe?
É verdade que juiz Sérgio Moro praticou arbitrariedades e ilegalidades ao divulgar escutas de Lula, Dilma e abusar das conduções coercitivas. É também verdade que a TV Globo se utiliza dos fatos para insuflar a população a ir às manifestações de rua.
Moro comanda investigações parciais. Se realmente quisesse livrar o País da corrupção não investigaria só o PT, mas também o PSDB de Aécio e o PMDB de Cunha e Renan. Todos estão envolvidos. O próprio Aécio foi citado em depoimentos e delações, mas as investigações sobre ele não avançam.
Estamos contra as arbitrariedades da Justiça, a mesma que é sempre contra a luta dos trabalhadores. Mas se o impeachment não é igual a um golpe, é uma saída imoral que não apoiamos. O Congresso Nacional de Eduardo Cunha (PMDB) e Renan Calheiros (PMDB) é corrupto. A maioria dos deputados e senadores se elegeu com dinheiro de empreiteiras para aprovar projetos que beneficiam estes empresários. O presidente da Câmara é réu. Esse Congresso tem condições de julgar algum presidente? Claro que não! É por isso não vamos aos atos convocados pelo PSDB/DEM e Bolsonaro, porque queremos muito mais do que tirar a Dilma.
Mas, também não vamos aos outros atos defender o PT, porque este partido traiu os trabalhadores. O PT vende a ideia de que o País está dividido em uma luta de classes. Mas durante os 12 anos de governo, o PT governou para uma só classe, a dos empresários, latifundiários e banqueiros. O pouco que seus governos deram aos trabalhadores, através de políticas sociais compensatórias como o bolsa-família, parece migalha perto do lucro de bancos, construtoras e empreiteiras. Para ser aceito pelo `mercado`, este partido traiu o sonho de milhares de trabalhadores e trabalhadoras, que lutaram desde a época da ditadura, e se tornou uma caricatura do que havia sido. Esse foi o golpe que nos deram.
Nenhum dos dois lados representa os trabalhadores. O nosso desafio é fugir dessa polarização, criar uma alternativa ao PT e PSDB, colocando os trabalhadores nas ruas, com paralisações nos locais de trabalho, para colocar todos para fora.
Não queremos mais Dilma (PT), porque governa para os bancos, privatiza e agora quer que nenhum servidor tenha reajuste! Mas não adianta colocar no lugar Temer ou Cunha ou Aécio, todos na Lava Jato. Queremos eleições gerais, na qual os corruptos processados pela Justiça não possam participar, que não tenha financiamento de empresas, e que o povo possa eleger novos deputados, senadores e presidente.
Os atos de 1º de Abril são um primeiro passo na busca dessa alternativa. Os trabalhadores estão começando a ir às ruas para dizer que nem o PT nem o PSDB são a resposta e que não aceitam continuar pagando a crise do País. Os trabalhadores precisam de uma greve geral contra o ajuste fiscal, a reforma da Previdência e para colocar para fora todos eles!
Opinião 2 - GOSS - Grupo de Oposição ao Sindsaúde-RN
Este texto é um chamado a organizar uma saída favorável a classe trabalhadora, ao povo oprimido e explorado nos locais de trabalho, no campo, escolas, periferias das cidades e desempregados.
Defendemos que todos os casos de corrupção sejam averiguados e os culpados sejam punidos. Isso vale para corruptos e corruptores, para membros do atual governo e dos anteriores, para o Governo Federal e também os estaduais e municipais.
Ao mesmo tempo, não podemos ter qualquer ilusão nos novos “salvadores da pátria” colocados em um pedestal pela grande mídia ou nas manifestações do dia 13 de Março.
Muitos dos métodos e abusos cometidos pela Polícia Federal, Ministério Público e Poder Judiciário serão também utilizados contra a legítima atuação da esquerda socialista e os movimentos da classe trabalhadora. Métodos muito piores já são usados nas periferias e comunidades pobres numa verdadeira criminalização da pobreza. Defendemos que os casos de corrupção sejam sujeitos a comissões populares de inquérito, compostas por representantes sindicais, de movimentos populares e estudantis, intelectuais, etc.
A corrupção é integrada ao sistema político e econômico e tem que ser combatida politicamente. O financiamento de campanhas eleitorais por grandes empresas junto com a política de privatizações, terceirizações, e licitações onde o dinheiro público é usado para pagar empresas privadas por serviços públicos, cria o caldo de onde surge a corrupção.
A crise é de todo o sistema político brasileiro. É nas lutas que irá surgir uma nova alternativa de poder. Isso não significa abandonar a disputa eleitoral. Ela tem um espaço importante, mas é preciso saber seu limite.
Por isso, não devemos ter ilusões nas instituições do estado burguês, seja o judiciário, o legislativo ou executivo.
Somos contra o Impeachment, porque isso significa uma saída pela direita, entregando o poder ao Temer, com seu programa “Uma ponte para o futuro”, com mais ataques aos trabalhadores.
Não levantamos a palavra de ordem de novas eleições ou mesmo uma assembleia constituinte, pela mesma razão. Hoje novas eleições, com o sistema político podre vigente, significaria na prática a reciclagem da dominância de partidos de direita no Congresso, onde a esquerda ainda é demasiadamente frágil.
Construir uma alternativa de esquerda é incompatível com defender o governo
Temos uma direita na ofensiva política e uma esquerda sem grande expressão política. Uma parte da esquerda e dos movimentos acha que a saída é defender o governo Dilma.A construção de uma terceira via tem que se dar através da luta contra o ajuste fiscal e ataques sobre os trabalhadores, independente de todos os governos que implementam esses ataques, seja Dilma, tucanos ou outros governantes.
Unificar as lutas contra os ataques concretos aos trabalhadores, sejam dos governos ou patrões. Um passo importante seria a convocação de uma greve geral, que mostraria a força da classe trabalhadora e poderia criar condições para realmente desafiar o ajuste fiscal.
Infelizmente não temos essa unidade na esquerda hoje. Há aqueles que, baseado na impressão de que há uma “onda conservadora” ou mesmo um real risco de golpe, tende a ceder à pressão dos governistas. Do outro lado há aqueles contentes em marcar posição e tachar como “governistas” aqueles que não concordam com sua linha.
Essa divisão só será superada com a luta concreta contra os ataques, que ajuda a aglutinar novas camadas da classe, que não estarão interessadas em disputas fraticidas e sim por saídas concretas e alternativas políticas.
A construção de uma 3ª via passa não só pela unidade na luta, mas também pela construção consciente de um polo político alternativo de esquerda, independente dos governos. Uma Frente Social e Política, que una os partidos de esquerda, como PSOL, PCB, PSTU, e movimentos combativos como MTST, CSP-Conlutas, Intersindical e outros. Essa frente deve atuar nas lutas e nas eleições.
Defendemos uma saída à esquerda da crise. O PT, PMDB, PSDB etc., estão envolvidos em uma disputa ferrenha pelo poder, mas estão unidos em defender que a saída da crise passa por retirar direitos dos trabalhadores. Defendemos taxar as grandes empresas e fortunas ou implementar um sistema de imposto progressivo, onde quem ganha mais paga mais.
É necessário um programa de investimentos públicos, que garanta empregos a todos, moradia, educação, transporte, etc. Enormes investimentos serão necessários em infraestrutura, saneamento e meio ambiente. Hoje o pouco que é feito custa muito e atrasa, por causa da corrupção e busca do lucro.
Defendemos a estatização das empresas privatizadas, sob o controle dos trabalhadores.
Empresas que receberam bilhões em isenções fiscais e fizeram grandes lucros demitem em massa, destruindo a vida de milhões de trabalhadores. Pela abertura dos livros para controlar para onde foi o lucro. E as empresas que demitem em massa ou fecham devem ser estatizadas, sob controle dos trabalhadores.
Romper o poder dos bancos sobre a economia, para ter uma sociedade onde a produção é voltada para a necessidade do povo em harmonia com o meio ambiente e não para saciar a sede de lucro de uma pequena minoria. Essa é a saída socialista da crise.
Opinião 3 - Corrente Proletária na Saúde / POR
Nenhum apoio político ao governo burguês de Dilma/PT! Pela independência política dos explorados. Apenas os trabalhadores podem derrubar Dilma! Tomemos as ruas pelo não pagamento das dívidas interna e externa; emprego, salario vital e manutenção dos direitos trabalhistas a todos!
A queda de Dilma/PT parece iminente. Deputados aliados e senadores governistas dão como certa a votação do impeachment no Congresso. O PMDB anuncia na terça (29), sua saída do governo. O que significa que votarão pela queda do governo, e ao mesmo tempo, pela ascensão de seu vice Michel Temer, ao qual foi dado o apelido (pouco infame) de “capitão do golpe” por um político cearense. Temer já discute um governo de transição com Serra, Delfim Neto, Armínio Fraga, Lisboa e cia. Ainda poderá o PT esboçar alguma reação? Continua trilhando o caminho da peleja institucional. Por essa via a derrota é certa. Com Dilma expulsa do Planalto as investigações do MP e Sergio Moro continuarão? É certo que não basta derrubar Dilma, é preciso impedir o Lula candidato em 2018, por onde o PT poderia buscar a desforra. A prisão do caudilho é a solução que a burguesia recorrerá. Não haverá grandes comoções com uma opinião pública já preparada diuturnamente pela imprensa caluniadora.
A crise mostrou a força aterradora das classes médias, quando posta em movimento pela ofensiva ideológica da burguesia. É quase um fascismo “à brasileira”. Que só chega onde chegou pela ausência do proletariado ativo. Ele não despertou com todo o barulho das jornadas de julho de 2013 contra a COPA. E não despertou com os primeiros sinais fortes da crise. Nem com a ensurdecedora matraca das panelas da pequena-burguesia reacionária. O nó que o PT promoveu na cabeça dos explorados, as correntes de ferro que amarrou ao pé da classe operária, a destruição de seu ímpeto de luta e de sua consciência socialista (através da prostituição de sua vanguarda) mostra que é preciso lutar por sacudir estes grilhões petistas e libertar ideologicamente a classe revolucionária. Digam o que disserem os tolos democratizantes, essa tarefa só pode ser levada a cabo pelo partido-programa do proletariado. Enquanto não o fizermos veremos espetáculos como este o reformismo petista abre caminho para a reação furiosa da burguesia sobre si mesmo e as classes exploradas.
Abaixo o Golpe! Só ação de massa nas ruas com independência política diante do governo poderá barrar o impeachment. Apenas a classe operária pode julgar e punir os crimes da burguesia e seus governos!
Por fim faremos duas reflexões: 1) quem não está com Dilma, está pelo golpe; 2) se é verdade que o governo de Dilma está lado do capital, por que então querem derrubá-lo?
Quanto ao primeiro, a polarização em dois campos falseia o caráter de classe da crise política. A questão deve ser colocada nos seguintes termos: quem está no terreno da política burguesa contra o golpe e quem está no terreno da política proletária contra o golpe. O objetivo estratégico dos explorados não pode ser senão o de lutar por um governo próprio, operário e camponês. E diante das denúncias de corrupção do PT e de todos os demais partidos, trata-se de organizar um tribunal popular. Quanto ao objetivo do impeachment, combatê-lo sob a bandeira de que somente os explorados podem destituir o governo eleito.
Quanto ao segundo, o fato de um governo servir à burguesia não significa por si só que seja capaz de unificá-la nas condições de crise e que também seja capaz de impor um violento plano antinacional e antipopular. As forças burguesas que anteriormente sustentavam o governo petista mudam de posição conforme este se mostra incapaz de impor uma nova política econômica. Como se vê, ambos os questionamentos dos petistas e de sua burocracia sindical são mecânicos e expressam a cegueira política diante da falência de seu governo.
A bandeira da classe operária não é a de “Não vai ter golpe”. É a de “Abaixo o golpe!”
Opinião 4 - Edneudo José, diretor estadual do Sindsaúde e da Regional Pau dos Ferros
Em pleno século XXI, a história se repete! O golpe se concretizará mais uma vez no Brasil, e o pior de tudo, a democracia conquistada com muita luta está ameaçada. Só um milagre nos resta, para não voltarmos aos tempos da ditadura, da fome e da miséria.
Há uma clara tentativa de golpe. As forças conservadoras tentam retomar o comando do governo sem passar pelo crivo das urnas. Não há, na Constituição, nenhum crime a ser atribuído à Presidenta. Já o representante principal do golpe na Câmara Federal, Eduardo Cunha, é acusado de inúmeros crimes.
Esse golpe se insere, de um lado, em várias tentativas semelhantes que ocorreram na América Latina nos anos recentes (de Honduras ao Paraguai). De outro, faz parte do padrão histórico golpista da direita latinoamericana. Sempre que tivemos governos minimamente voltados aos interesses populares (como os de Getúlio Vargas, João Goulart e, recentemente, os do PT), forjou-se uma reação das elites para derrubá-los.
Antes essa tentativa se dava pela aliança midiática de grande empresariado, classe média e militares. Medo do comunismo e discursos contra a corrupção sempre estiveram presentes. O que mudou é que os militares foram substituídos pelo poder judiciário.
Mais do que derrubar o governo Dilma, porém, esse movimento procura inviabilizar a candidatura Lula 2018 e avançar na implementação de políticas liberalizantes. É a volta do velho ideário neoliberal.
Para garantir a volta das forças conservadoras ao centro de decisões do Planalto é preciso também demonizar todo movimento e partido de esquerda e toda política inclusiva.
Vivemos, nesse sentido, uma tentativa de retomada da hegemonia neoliberal. É hora das esquerdas brasileiras, de todas as cores e matizes, compreenderem que essa disputa não é apenas entre o PT e a direita. O destino do governo Dilma e do PT é também o destino das esquerdas. Claro que não significa uma aceitação acrítica da gestão do PT e a necessidade do governo Dilma, garantida a sua continuidade, fazer uma inflexão política à esquerda e retomar políticas econômicas que garantam o crescimento da economia, a volta do emprego, o aumento a renda e a queda da desigualdade em suas diversas dimensões.
Embora em andamento, o golpe não está dado. Registra-se, desde as manifestações de 18/03, uma revitalização das manifestações de ruas dos movimentos democráticos, bem como posicionamentos de juristas, intelectuais e artistas, bem como em universidades e em outros países, contrários a onda conservadora e a tentativa de tomada do poder.
Somente a união das esquerdas e a ocupação das ruas podem barrar essa onda avassaladora da direita fascista brasileira. Corremos o risco, sem união e sem a movimentação das ruas, de mergulharmos o país em uma aventura sem precedentes, com a vitória de figuras abjetas e nocivas à democracia.
Não podemos fechar os olhos. Estamos diante de uma crise muito mais política do que econômica, nunca na história do país vimos um panelaço da elite, de riquinhos e burgueses “berrando” aos quatro cantos para não ter que dividir os mesmos espaços com outras pessoas com menor poder aquisitivo.
Quando ouvimos o discurso de esquerda dizendo “FORA TODOS” “ELEIÇÕES JÁ” não conseguimos enxergar uma “terceira via” neste momento. As vozes da rua estão inflamadas e deturpadas, querendo um fora PT a qualquer custo, da mesma forma seria com qualquer partido de esquerda que defende o socialismo.
Faz-se necessário a união entre todos que clamam por um BRASIL mais justo e mais igualitário, uma união que possa construir a partir de agora um governo voltado para a classe trabalhadora, voltado para defender os direitos. Só assim conseguiremos barrar o GOLPE armado pela burguesia.
É chegada à hora! Vamos pra rua defender o que conquistamos com muita luta e suor, não podemos deixar que corruptos sejam protagonistas desse episódio trágico, e nem deixar que tomem a liberdade de expressão, de manifestação, ou seja, a DEMOCRACIA.