A crise política domina os grupos nas redes sociais, as conversas nos locais de trabalho e no transporte. A população acompanha cada episódio da crise, em especial após a nomeação de Lula como ministro e do vazamento da conversa entre Lula e a presidente Dilma Rousseff. Em função disso, o Sindsaúde decidiu incluir um ponto na pauta sobre este tema, para ouvir a opinião da categoria e estimular a participação dos trabalhadores na vida política do País.
O debate foi iniciado com uma fala de alguns servidores, representando as principais posições políticas da categoria: Rosália Fernandes, do PSTU; Wilson Faria, do PSOL, e Jairo Laranjeira, do POR. O sindicato irá publicar uma tribuna de debates, com o resumo das principais posições, para distribuir aos servidores.
Rosália avaliou as manifestações do final de semana, que reuniram milhares de pessoas no País, condenou a sua direção política, convocada por grupos e partidos de direita, mas afirmou que parte dos manifestantes chegou a expulsar políticos do ato, como Aécio Neves e Geraldo Alckmin, do PSDB. Ela defendeu que os trabalhadores não devem participar nem dos atos da oposição de direita e nem dos protestos convocados pela CUT para defender o governo. “Fora Todos: PT, PSDB, DEM. Precisamos de novas eleições gerais”, afirmou, convocando ainda todos a construírem os atos de 1º de Abril e denunciando setores do MTST e do PSOL que participam da Frente Povo Sem Medo, com o PT.
Wilson Faria, militante do PSOL, fez uma avaliação da conjuntura e destacou a importância de acompanharmos atentamente os acontecimentos. “É difícil ter uma palavra de ordem, pois a realidade muda a cada dia. É importante ficarmos atentos a estas mudanças e atuarmos pois muitos trabalhadores estão confusos”, afirmou. Ele alertou para as relações dos grupos de mídia com os protestos e fez referência à revolucionária alemã Rosa Luxemburgo (1871-1919), conhecida por teses sobre a relação entre o partido e a mobilização espontânea das massas, afirmando que é preciso estar atentos a possíveis erros. “Os trabalhadores não são massa de manobra, eles pensam, não são dirigidos”, afirmou.
Militante do Partido Operário Revolucionário (POR) e servidor do Deoclécio Marques, Jairo destacou a briga entre os dois grupos políticos pelo poder, representados pelo PT e pelo PSDB, e falou que os trabalhadores não têm nada a ver com os dois lados da briga. “Eles que se destruam”, afirmou. Ele denunciou a corrupção como parte do sistema capitalista e defendeu que os corruptos fossem julgados em tribunais populares, pois “não há como se confiar nesse sistema político e judiciário”. Jairo defendeu ainda a luta dos trabalhadores por seus direitos, por salário e condições de vida, como nas campanhas salariais.
Após as falas, vários servidores participaram do debate. A fala mais polêmica foi de Edneudo Fernandes, diretor do Sindsaúde e da regional de Pau dos Ferros, criticando o que chamou de golpe contra o governo do PT. “Eu sou filiado ao PT, e independentemente dos erros que tenham ocorrido, acho que está em jogo a democracia. Temos que defender a democracia. Eu cresci nos governos do PSDB e lembro como era e vi o que os governos do PT fizeram pela população”, defendeu. Edneudo chegou a ser interrompido por outros servidores e a mesa pediu respeito à sua fala. Em seguida, Simone Dutra criticou a defesa ao PT: “Os trabalhadores esperavam mais do PT do que foi feito. Mais do que bolsas enquanto dava bilhões aos bancos, às construtoras, às universidades privadas. O PT governou com o mesmo plano do PSDB, não houve diferença”, afirmou.