Nesta quarta-feira (2), o Sindsaúde realizou mais uma reunião com os servidores do Walfredo Gurgel para discutir as condições de trabalho. Desta vez, com a presença da direção do hospital. No início da reunião, o coordenador-geral do Sindsaúde, Manoel Egídio, fez uma apresentação com slides sobre a situação que se encontra o maior hospital do estado e apresentou a discussão feita na última reunião com os servidores. Após sua apresentação, servidores e servidoras expuseram suas angustias diárias à direção do hospital.
Na maioria das falas, demonstrou a vontade de dar assistência adequada à população, mas, segundo os servidores, as condições de trabalho são desumanas. “Queremos prestar assistência de qualidade aos pacientes, mas não podemos. É angustiante e traumatizante as pessoas chegarem aqui e não conseguirmos atendê-las como deveria ser. Tem vezes que apenas uma funcionária fica atendendo as urgências de todo o Rio Grande do Norte”, disse uma técnica de enfermagem.
Para o técnico de enfermagem da UTI, que trabalha há 16 anos no Walfredo, as dificuldades enfrentadas nesse setor são imensas. “Eu gostaria que as ações tomadas nesse hospital, fossem tão eficientes, como são as penalidades para nós profissionais. Porque se você faltar, a falta vem. Se eu faltar um natal ou ano novo, é advertência. É justo, mas é justo também as condições de trabalho para o servidor. Eu nunca senti tanta dificuldade de trabalhar no Walfredo Gurgel como está sendo agora nessa gestão e quando falo gestão eu falo em geral, direção, a secretaria de Saúde e o próprio governo.
A técnica de enfermagem do 4º andar acredita que é necessário um dialogo entre a direção e os servidores. E que a sobrecarga de trabalho vem deixando os servidores doentes e estáticos. “A gente é violentado quando a gente tem o nosso dimensionamento descumprido, com o número de profissionais excedentes. Você coloca em risco a vida do paciente, a sua saúde e ainda mais, respondendo processo étnico disciplinar. Se a gente fosse falar de funcionamento, o hospital já teria parado. Pois falta papel toalha e sabão. Eu queria saber até onde vai nossa responsabilidade? Porque enquanto estiver tudo bem, tá ótimo. Mas, na hora que houver uma denúncia, nós vamos ser acusados de negligência, de omissão, inclusive estamos passivos de erros, porque é uma sobrecarga tão grande, não só de trabalho, mas também emocional, que podemos errar”, disse a servidora.
Após ouvir os questionamentos dos servidores, a diretora geral do hospital, Maria de Fátima Pinheiro, falou que vem fazendo o possível e que concorda que a situação da saúde pública está caótica. Mas, não tem respostas à curto prazo para amenizar a situação. Segundo a direção, para melhorar a sobrecarga e o déficit de profissionais, será feito contratos provisórios e o concurso público. Eles disseram também que a retirada das copas nos setores foi determinação da Covisa e que tiveram que aceitar as recomendações. Segundo Maria de Fátima, os Gelaguas não foram autorizados a sair dos setores. Além da diretora geral do Walfredo Gurgel, falaram a direção de enfermagem e administração.
Para Rosália Fernandes, do Sindsaúde, a saúde está um caos generalizado em todo o país. Segundo Rosália, o estado do Rio Grande do Norte é o 5º país que menos investe em saúde, com apenas R$ 1,88 por pessoa. “A realidade que vivemos, com hospitais superlotados, pacientes morrendo por falta de leitos e medicamentos, índices altos de doenças, isso é uma realidade e tem responsável, direto ou indiretamente em todos os governos. Eles encontram todas as justificativas do mundo que não tem dinheiro pra saúde, pra educação, mas a gente ver o dinheiro sendo investido em outras formas. Empreiteiras, empresários, funcionários fantasmas, isso tem, mas para a real necessidade, não tem. A quantidade de profissionais aqui é insuficiente, é desumano. Sabemos que existem problemas estruturais, mas também sabemos que existem problemas de gestão e é necessário superar isso, com diálogo com os trabalhadores”, disse Rosália.
Diante da falta de comunicação entre a gestão e os servidores, pontos colocados ao longo da reunião, foi encaminhado uma nova reunião para o dia 6 de abril, para avaliar se as reivindicações avançaram ou retrocederam. Foi discutido também, um calendário de reuniões, que ainda será definido, para que ocorram reuniões ordinárias com os servidores e a direção, para que os trabalhadores possam opinar e se sentir parte das discussões e decisões tomadas pela direção do hospital.