Na manhã desta quinta-feira (18), o Sindsaúde realizou uma reunião com os servidores do hospital Walfredo Gurgel para discutir as condições de trabalho e a postura da atual direção do hospital. Cerca de 30 servidores de diversos setores participaram da reunião, muitos deles desabafaram sobre o que estavam passando, a maioria relatou sobre a falta de condições de trabalho, a infraestrutura do hospital, corredores superlotados, a falta de materiais e medicamentos e postura da direção, que está aplicando regras e recomendações de uma equipe do Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo. Recentemente a equipe realizou uma auditoria no hospital, identificando erros de gestão e recomendando melhorias no atendimento. Entre as recomendações, a retirada das copas, bancadas e televisores dos setores.
Isso vem revoltando os servidores que não aceitam trabalhar dessa maneira. Para uma servidora, que diz não aceitar essa “ditadura”, é um erro impor que trabalhem dessa forma, já que trabalham jornadas extensas e não terão direito ao repouso. "Como vamos passar 12h aqui dentro se não podemos ir ao banheiro, se não podemos tomar um café ou uma água, se não podemos ver algo para dar risada? A TV é para nos distrairmos na hora do repouso e para ajudar meu psicológico, pois não tenho acompanhamento psicológico. Eles querem que a gente só escute gritos, gemidos e dores?", disse a servidora.
A maioria dos servidores e servidoras relatou a insatisfação com a direção do hospital. “Eles não tratam os funcionários como devem, nos desrespeitam. Se a gente não se mexer agora, vão colocar fita adesiva na boca da gente”, desabafou uma servidora.
Ainda sobre as condições de trabalho, foi dito que havia um paciente do 2º andar que estava dormindo sem lençol para se cobrir e para forrar o leito. No Centro Cirúrgico, há duas semanas falta papel grau cirúrgico, não tem gases e esparadrapos. “Estamos em uma crise total, falta tudo no Walfredo. Estamos enxugando nossas mãos com lençol, pois falta papel toalha. Desse jeito, daqui a pouco o hospital vai fechar”, disse uma servidora.
Para Simone Dutra, do Sindsaúde-RN, a saúde está vivendo uma grande crise, onde os culpados por isso, têm nomes. “Estamos vivendo uma crise econômica, e a primeira coisa que os governos fazem, é jogar a responsabilidade nas costas dos trabalhadores, cortar orçamento da saúde e educação. Essa situação que o Walfredo está passando é responsabilidade do governador Robinson que diminuiu o orçamento do hospital. É necessário nos organizar, criar as comissões de base com cada setor para que se tenha continuidade e que os problemas sejam sempre monitorados(...) Se os trabalhadores estão insatisfeitos com a direção, é necessário exigir uma eleição direta já, para eleger uma nova direção com representatividade” disse Simone Dutra.
Após escutar todos os relatos, a direção do Sindsaúde-RN, propôs realizar uma reunião com a direção do hospital, para que a mesma escute os questionamentos e reivindicações dos trabalhadores e possa dar alguma solução. Ao final, o Sindsaúde, junto com uma comissão de quase 10 servidores de cada setor foi até a sala da direção geral para marcar a reunião. A mesma marcou a reunião para o dia 1 de março, terça-feira, às 9h da manhã, no auditório do hospital, com a presença de todos os diretores da unidade. Foi discutido também de realizar um ato público ou paralisação, mas a data ainda não foi definida.