Nesta terça-feira (16), uma equipe do Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo, esteve novamente no Hospital Walfredo Gurgel para um encontro com a direção e coordenadores. A equipe realizou recentemente uma auditoria no hospital, identificando erros de gestão e recomendando melhorias no atendimento. Entre as recomendações, a retirada das copas, bancadas e televisores dos setores.
Nestas visitas, os especialistas têm apresentado exemplos de iniciativas tomadas no hospital que administram – o Hospital Municipal de M’Boi Mirim, em Jardim Ângela, periferia da capital paulista. O que não foi dito é que a gestão do Hospital de M’Boi Mirim é feita em parceria com a Organização Social de Saúde CEJAM (Centro de Estudos e Pesquisas Dr. João Amorim), uma OS que gerencia unidades de saúde em cidades paulistas e no Rio de Janeiro.
No Rio, esta OS gastou desviou quase R$ 9 milhões da saúde para pagar irregularidades, como almoço de R$ 1,7 mil em uma churrascaria, jantares em um restaurante japonês dentro de uma boate, passagens aéreas, táxis, etc. As irregularidades foram relacionadas pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ), entre abril de 2012 e março de 2014, e publicadas pelo jornal Extra. O relatório do TCE, envolvendo oito OSs, motivou a abertura de uma CPI na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.
O estado de São Paulo foi um dos primeiros a adotar o sistema de Organizações Sociais (OS) para a gestão das unidades de saúde. Atualmente, quase metade da população da capital é atendida por unidades geridas por OSs. A gestão por Organizações Sociais é utilizada pelos governos para driblar a Lei de Responsabilidade Social (LRF), favorecer empresas que financiam as campanhas eleitorais e ainda precarizar e reduzir direitos dos servidores. As OS são sinônimos de privatização da saúde pública, de corrupção e caos, como mostram os exemplos da atual crise na saúde do Rio de Janeiro neste fim do ano e da crise de corrupção envolvendo a saúde de Natal, na gestão Micarla de Souza. Segundo o balanço financeiro, em 2014 o superavit financeiro da operação no Hospital de M'Boi Mirim foi de R$ 2, 25 milhões.