Na manhã desta sexta-feira (22), o Sindsaúde realizou um ato no hospital Walfredo Gurgel para denunciar as condições de trabalho, a sobrecarga e cobrar do governo estadual compromissos assumidos com os servidores como o pagamento das férias atrasadas desde novembro, o concurso público e a mudança de nível, além do pagamento dos salários e direitos dos vigilantes e terceirizados da saúde.
O protesto contou com a participação dos servidores da saúde, que estavam bastante indignados pelo descaso da saúde do Rio Grande do Norte. Uma servidora do hospital se emocionou ao falar sobre a batalha diária que é trabalhar sem condições e mesmo assim se doar aos pacientes.
“Nós lutamos com esses pacientes todos os dias, puxando maca pra lá, puxando maca pra cá, tem dias que tem trinta macas no centro cirúrgico. Os pacientes vão tomar banho sem condições, pois não tem espaço. É preciso que invista no Walfredo Gurgel, ele é nosso, da população. A população precisa cobrar do governo, do secretário de Saúde e não dos funcionários. Estamos fazendo nossa parte, é necessário que a população também lute com a gente, se não o Walfredo vai fechar as portas”, desabafou.
Durante o ato, os servidores fizeram um minuto de silêncio em homenagem à jovem Maria Karolyne de 19 anos, assassinada nesta quarta-feira (20). A jovem é filha do servidor João Maria de Melo, condutor do SAMU-RN. "É muito triste que essa jovem, assim com tantos outros perdem a vida precocemente pela insegurança e violência. O poder público não pode ficar impune, deve agir para melhorar o caos que está na saúde, segurança e educação", disse Manoel Egídio, diretor do Sindsaúde-RN.
Para Manoel Egídio, a saúde do estado está abandonada. A falta de prioridade do governo em relação à isso é lamentável. “O aparelho de ultrassonografia está quebrado há mais de um ano, assim como o aparelho que realiza exames de endoscopia e tomografia. A processadora de imagem do Raio-X também não funciona há duas semanas. É lamentável que o maior hospital do estado esteja nessa situação. Não adianta dizer que Robinson quando assumiu não sabia de nada, ele foi deputado há mais de 20 anos. A saúde está dessa forma porque o governo não prioriza”, afirma Egídio.
Uma idosa que não quis se identificar foi ao hospital para realizar um Raio-X, mas o mesmo estava quebrado. “É uma vergonha, tive que me deslocar de longe para fazer o exame e o aparelho está quebrado. Não deram previsão, falaram para eu voltar para casa e esperar!”, desabafou.
Mais uma vez os servidores criaram o “Mural da Vergonha”, que está colado na entrada do Walfredo Gurgel, onde foram compartilhados diversos problemas do hospital, como falta de antibióticos e medicamentos como polimixina; oxacilina; zivox e ranitidina, o banheiro da UTI Bernadete que está interditado há mais de uma semana, além da falta de materiais de higiene como sabão, papel toalha e luvas de procedimento.
Após o ato, uma comissão foi até à Secretaria de Planejamento, cobrar mais uma vez o pagamento das férias atrasadas desde novembro de 2015. No entanto, o secretário de Planejamento, Luiz Gustavo, não estava. A comissão então, conversou com a secretária adjunta, Vera Guedes, mas a mesma não tinha nenhuma previsão. O grupo também foi até a Secretaria de Recursos Humanos, e informaram que possivelmente os atrasados de novembro sairão na folha de janeiro e os de dezembro na folha de fevereiro. Porém, não informaram nenhuma data.
Na última quarta-feira (20), o Sindsaúde também realizou um ato em frente ao Hospital Municipal de Natal, para protestar contra um caso de racismo e assédio moral e a falta de estrutura física da unidade de saúde, como também a falta de materiais.