No sábado (16), trabalhadoras da nutrição do Hospital Municipal de Natal foram chamadas de “macacas” por uma nutricionista. “Eu acho que tem uns macacos aqui, porque as bananas estão sumindo”, afirmou a nutricionista, diante das servidoras. Pouco depois, a nutricionista teria reclamado que os profissionais se ausentam muito do local de trabalho e disse que “vou ter que comprar umas coleiras... o pessoal sai demais”.
O episódio revoltou os servidores da nutrição, que procuraram o Sindsaúde. “O que ela fez não foi só assédio, mas racismo. Chamar de macaco é dizer que nós negros somos inferiores, que não temos inteligência, como animais. E ainda disse que ia colocar coleiras nas pessoas, como em uma senzala”, afirma Célia Dantas, do Sindsaúde. No ano passado, torcedores europeus atiraram bananas em jogadores como Daniel Alves e Neymar e, no Brasil, torcedores do Grêmio chamaram um jogador adversário de “macaco”.
O Sindsaúde conversou com os servidores da nutrição e fará um ato nesta quarta-feira (20), a partir das 09h, em frente ao hospital, em conjunto com o Movimento Quilombo Raça e Classe. No ato, o sindicato também irá apresentar um relatório com denúncias sobre a falta de condições de trabalho dos profissionais do hospital e os problemas encontrados no atendimento à população.
“Os servidores do novo hospital não têm condições de trabalho e sofrem com o assédio moral e a sobrecarga. Mais de 70% são terceirizados ou temporários, ou seja, estão mais vulneráveis ao assédio”, afirma Célia Dantas. O sindicato protocolou no dia 11 de janeiro um pedido de audiência com a Secretaria Municipal de Saúde sobre as condições de trabalho no hospital e a realização do concurso público, cujo edital deveria ter sido publicado ainda em outubro.
ATO PÚBLICO
Contra o racismo e o assédio moral no Hospital Municipal de Natal
Quarta-feira, 20 de janeiro, 09h
Hospital Municipal de Natal (Rua Cel. Joaquim Manoel, 654 – Petrópolis)