Cerca de 15 mil pessoas tomaram conta da Avenida Paulista no final da tarde desta sexta-feira (18). O grito era um só: “Os trabalhadores não aceitam pagar a conta da crise”. Esse foi o tom da Marcha dos Trabalhadores e Trabalhadoras, organizada por mais de 40 entidades, movimentos e organizações nacionais. A marcha saiu da Avenida Paulista e encerrou com um ato na Praça da República. No caminho, muitas palavras de ordem e falas das entidades. No caminhão de som, muitos defenderam a convocação de uma Greve Geral no Brasil. “Olê, olê, olê, olá. Olê, olê, olê, olá. Pra derrotar o ajuste fiscal, trabalhador vai fazer Greve Geral”, cantaram os manifestantes.
Além dos trabalhadores e trabalhadoras de São Paulo, o ato contou com caravanas de mais de 20 estados, principalmente da região Sudeste. No entanto, apesar da distância, cerca de 40 pessoas viajaram dois dias de ônibus do Rio Grande do Norte, entre eles oito servidores da saúde, do Walfredo Gurgel, do Santa Catarina, Deoclécio Marques e do município de Natal (ao lado).
Ao mesmo tempo, atos foram realizados em Natal e em Mossoró. Em Natal, participaram cerca de 150 pessoas, entre servidores estaduais, do INSS, da Justiça e da UFRN, estudantes, bancários e professores. O grupo saiu às 15h em passeata da agência do INSS da Rua Apodi, e seguiu pela Rio Branco, encerrando com um ato em frente à agência do Banco do Brasil. Em Mossoró, um grupo de manifestantes promoveu um ato na sede da Ufersa, e uma caminhada.
Veja as fotos do ato em Natal
Não ao ajuste fiscal - A primeira manifestação realizada após o ajuste fiscal anunciado pelo governo Dilma na segunda-feira (14) denunciou os diversos ataques e as medidas da Agenda Brasil, que amplia as terceirizações, aumenta impostos para os pobres, favorece o agronegócio, amplia as privatizações e prejudica o meio ambiente e os povos indígenas. Foi denunciada ainda a tentativa de privatização do SUS e o aumento de idade pra ter direito à aposentadoria. O Fórum dos Servidores Públicos Federais denunciou o ataque do governo Dilma aos servidores federais, em greve há mais de 100 dias, ao retirar a proposta de reajuste salarial e adiar os concursos públicos.
“Os trabalhadores não aceitam pagar a conta da crise, enquanto o governo federal privilegia o Capital, os mais ricos, os bancos e o agronegócio. Fomos às ruas também para fazer um chamamento a todas as entidades de classe e movimentos sociais que se somem na luta contra o ajuste fiscal e contra os ataques aos direitos dos trabalhadores brasileiros”, ressaltou Paulo Rizzo, presidente do ANDES-SN.
Foi ainda um ato contra as demissões, o PPE, o aumento da taxa de juros e dos preços, a tentativa de redução da maioridade penal apresentada por esse Congresso Nacional conservador e reacionário e a criminalização das luta e do povo pobre. O movimento reivindicou a taxação de grandes fortunas e o não pagamento da dívida pública, o fim da corrupção, das privatizações, a redução da jornada, sem redução salarial e defesa dos direitos sociais e trabalhistas e mais verbas para as políticas de combate à violência contra as mulheres e o massacre ao povo indígena guarani Kaiowá.
Uma alternativa classista dos trabalhadores e do povo pobre
A manifestação de 18 de setembro lançou uma alternativa classista aos que são contra governo Dilma (PT), Aécio Neves (PSDB) e Temer e Cunha (PMDB), e foi um contraponto às manifestações organizadas pela direita, como a do dia 16 de agosto, e em defesa do governo, como a dia 20. “Chega de Dilma, chega de Aécio, chega de Cunha e desse Congresso”. Essa palavra de ordem foi cantada inúmeras vezes no decorrer da manifestação.
Por volta das 21 horas, no ato de encerramento, o membro da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas, Atnágoras Lopes, parabenizou o esforço de todos e todas para estar ali. Ele convidou a continuidade daquela luta anunciando o Encontro Nacional de Lutadores e Lutadoras que aconteceria no dia seguinte. “Pra derrotar o ajuste, temos de derrotar o governo e romper com as barreiras da elite e dos falsos passos dessa esquerda que apóia o governo”, afirmou.
A manifestação manteve o perfil internacionalista e contou com a saudação de um representante da Rede Sindical Internacional de Solidariedade e Lutas e o chamado do refugiado sírio para o apoio à luta do seu povo. “A ditadura de Bashar al-Assad já matou meio milhão de pessoas e mantém meio milhão presas; queremos a solidariedade de todos, pois; e mais fácil expulsar um ditador que um povo inteiro”, falou Victorios Shames, em referência aos milhares de refugiados sírios que arriscam as vidas para tentar abrigo na Europa.
Organizaram a marcha mais de 40 entidades, organizações e movimentos. Entre elas, CSP-Conlutas, Andes-SN, Sinsasefe, Cobap, FNTIG, Fenasps, MML, Quilombo Raça e Classe, MTL, Anel, Luta Popular, Sindicato dos Metroviários, MRP, MLS, Unidos pra Lutar, MSLMD, MSMP, MMDS, MAZON, Coletivo Construção, Pão e Rosas, Juntos, CST-Psol, Luta Socialista, Juventude Vamos à Luta, Aliança Anarquista, Combate Classista, Unidade Classista, UJC, MNN, Território Livre, PCB e PSTU.
Veja a matéria sobre o ato, no jornal Folha de S. Paulo