Na noite de sábado (01), imigrantes haitianos foram baleados em atentados na região do Glicério, em São Paulo, onde atua a Missão Paz, entidade ligada à Pastoral do Migrante que oferece abrigo aos haitianos que chegam à cidade.
Segundo denúncia da USHI (União Social dos Imigrantes Haitianos), entidade filiada à CSP-Conlutas, por volta das 19h um carro passou em frente à igreja e um homem de dentro do veículo passou a insultar os haitianos, afirmando que eles estariam "roubando os empregos dos brasileiros", e que deveriam "voltar pro país" deles, antes de efetuar vários disparos. Cinco haitianos foram baleados. Teria sido negado ainda atendimento médico adequado aos feridos.
A notícia foi divulgada inicialmente pela CSP-Conlutas nacional. Após a denúncia, a Prefeitura iniciou uma busca pelos feridos e conseguiu encontrar quatro atingidos, resgatados por equipes do SAMU. O coordenador de Políticas para Migrantes da Secretaria do Município de São Paulo, Paulo Illes, confirmou que os quatro feridos estavam com as balas em seus corpos. Há uma suspeita de que um quinto haitiano veio a falecer, informação ainda não confirmada. Eles foram levados ao Hospital Tatuapé, onde os membros da USIH foram pegar todas as informações necessárias para abertura de inquérito policial. Até o presente momento foram registrados apenas dois Boletins de Ocorrência no 8º Distrito.
Segundo reportagem do site Ponte.org, uma mulher haitiana também teria sido atingida nos ataques e o número de atingidos pode chegar a oito pessoas. A notícia mostra que membros da comunidade haitiana afirmaram ser alvos constantes de discriminação racial e de ataques xenófobos. “Já passaram carros jogando bombas contra nós”, afirmou um imigrante que não quis ser identificado.
A USIH tem informações de que outro crime com essas mesmas características teria ocorrido em Curitiba, capital do Paraná. Segundo a associação, dois haitianos teriam sido atacados em plena rua por um homem armado. "Rouba nossos empregos e ainda anda com um celular bacana desses", teria dito o homem antes de disparar contra os haitianos.
Abaixo o racismo e xenofobia
A violência contra os imigrantes haitianos faz parte da situação de desamparo e vulnerabilidade a que estão submetidos os cerca de 70 mil haitianos que estão hoje no Brasil. A esmagadora maioria enfrenta uma situação de completa omissão e descaso por parte dos governos.
A USIH e a CSP-Conlutas estão levantando os detalhes dessas ocorrências e já preparam uma reação a esse crime bárbaro que não pode ficar impune. Uma manifestação contra o racismo e a xenofobia, denunciando os crimes e a situação dos imigrantes está sendo aventada.