A data celebra o 1° Encontro das Mulheres Negras, Latinas, Americanas e Caribenhas, em 1992, em que representantes de diversos países estiveram presentes para refletir sobre a opressão racista e machista a que as mulheres negras estão submetidas. Já se passaram 23 anos e ainda há um longo caminho a ser percorrido para que as mulheres negras tenham seus direitos garantidos. De acordo as estatísticas, elas ainda estão à margem da margem.
Nosso país possui cerca 195,2 milhões de pessoas, e mais da metade desse percentual é composto por mulheres. Destas, 50 milhões se declaram negras. No Brasil, quando o assunto é a opressão e a exploração, encontramos as mulheres negras no topo das estatísticas como vítimas da violência do estado, policial e doméstica. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) de 2011, 61% dos feminicídios são contra as mulheres negras.
Oprimidas pela polícia nas periferias e favelas, essas mulheres também sofrem com o assédio moral e sexual nas relações de trabalho, e enfrentam ainda a opressão e a exploração do Estado.
Sessenta e um por cento de mulheres que exercem trabalho doméstico (mal) remunerado no Brasil são negras. Nos cargos de direção das empresas privadas, apenas 9% tem liderança negra e feminina.
Quando se trata da formação educacional dessa trabalhadora, apenas 10, 9% das mulheres negras atingem o ensino superior.
Por isso, essa data é de luta e reafirma a necessidade das mulheres negras de reorganização e fortalecimento no combate às desigualdades estruturais, com autonomia e independência dos governos e patrões.
Retirada de direitos penaliza ainda mais as mulheres negras
O governo Dilma ataca cada vez mais direitos das trabalhadoras e legaliza a precarização das terceirizadas por meio do Projeto de Lei (PL 4330) ou da PEC das domésticas, que nega a essas mulheres direitos básicos da CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas). Cortou verbas da saúde, educação, programas habitacionais e mudou os critérios para o recebimento do auxílio do seguro desemprego, pensão por morte e auxílio reclusão. Tudo isso, para garantir o envio de R$ 66,3 bilhões para pagamento de juros e serviços da dívida pública.
Redução da maioridade penal que penaliza os filhos (as) das mulheres negras
A campanha racista levada a cabo pela grande mídia e contida na PEC 171/93 que defende a Redução da Maioridade Penal criou uma sensação de que por trás de todo adolescente negro e pobre há um criminoso em potencial e protegido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Entretanto, dos 56 mil homicídios registrados em 2012, 30 mil foram cometidos contra jovens entre 15 a 29 anos. Segundo a Unicef, dos 21 milhões de adolescentes brasileiros apenas 0,013% cometeu atos contra a vida e 0,05% do total de homicídios e tentativas de homicídios do país. O que há de fato é a banalização do extermínio da população negra. 272 mil negros foram mortos no Brasil no período de 2002 a 2012 (Mapa da Violência).
Cada jovem que tomba, cai um futuro interrompido. E, é mais uma mãe que Luta contra o Racismo!
As mulheres negras haitianas resistem
A luta das mulheres negras tem a força de Dandara e Anastácia, e a rebeldia das haitianas que resistem, por mais de nove anos, à truculenta ocupação militar do Brasil no Haiti!
Tem a garra das imigrantes haitianas que no Brasil procuram condições melhores de vida e enfrentam o trabalho escravo. Para combater essa violência e lutar por direitos homens e mulheres fundaram em 1º de fevereiro deste ano, a USIH (União Social dos Imigrantes Haitianos) que começa a dar seus primeiros passos. Avança na sua consolidação política enquanto ferramenta de luta dos haitianos no Brasil, com o apoio da CSP-Conlutas e do Quilombo Raça e Classe.
Luta Feminista de Raça e Classe!
A luta das mulheres negras trabalhadoras deve ter como perspectiva em sua organização a concepção de que somente a luta feminista, de raça, de classe e internacionalista pode permitir que as mulheres negras tenham seus direitos garantidos.
A CSP-Conlutas e o Movimento Quilombo Raça e Classe saúdam a todas as mulheres negras do país e do mundo. Vamos combate nas ruas e nas lutas exigir políticas e ações reais de mudanças sociais efetivas do Estado brasileiro que elimine o racismo e as desigualdades raciais e de gênero.