Nesta terça-feira (19), às 08h, o Sindicato dos Servidores em Saúde do RN participou de uma audiência com o secretário estadual de Saúde, Ricardo Lagreca, para discutir sobre a campanha salarial deste ano. A pauta de reivindicações foi enviada ao governo em abril e apresentada em audiência no dia 05 de maio. Além da direção do sindicato, estiveram presentes na reunião, a coordenadora dos Recursos Humanos da Sesap, Angela Costa, a representante da COHUR, Adriana Macedo, servidores da saúde, a coordenadora de enfermagem do hospital Deoclécio Marque, Márcia Barcellos e a diretora, Jane Costa.
Dentre a pauta de reivindicações está pontos recorrentes como o reajuste salarial de 27%, conforme cálculo feito pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos), referente aos últimos anos, e isonomia para os servidores municipalizados, que estão há quatro anos sem reajuste e acumulam perdas de 61%, e os aposentados. Os servidores exigem também a implantação imediata das mudanças de nível vencidas desde 2012, a tabela de qualificação, um novo concurso público para combater a sobrecarga nos locais de trabalho e a garantia de abastecimento de materiais e medicamentos nos hospitais.
Outro ponto apresentado foi a garantia da Licença Prêmio, que foi suspensa há um ano pelo governo de Rosalba Ciarline, na época em que foi decretado a situação de calamidade nos hospitais do RN. Porém, a Licença Prêmio é um direito do trabalhador que não deveria ser retirado. A coordenadora dos recursos humanos ficou de fazer um dimensionamento sobre tempo de exercício de cada servidor e elaborar uma proposta com critérios de quem nunca tirou a licença tem prioridade. Diante desse planejamento, o Sindsaúde pediu um prazo de 60 dias para que a licença volte a ser efetiva.
Foi destacado também, a eleição direta para a escolha dos gestores de hospitais e unidades de saúde. Para que os servidores possam ter o direito político de escolher seu representante e não ser uma escolha por indicação. “Os servidores estão insatisfeitos com os gestores, essa é uma realidade geral. O assédio moral, o autoritarismo é constante. Não dá para os servidores trabalharem por pressão, com medo dos seus coordenadores. É necessário que a secretaria estabeleça uma relação entre os gestores e os trabalhadores, e para isso, é fundamental que os servidores participem do processo de escolha do seu representante”, afirmou Simone Dutra, coordenadora-geral do Sindsaúde.
Sobre o assédio moral, foi dado exemplos de duas situações. O caso do enfermeiro Breno Abott, que foi devolvido arbitrariamente para a Sesap pela direção do Giselda Trigueiro e continua sofrendo perseguição no hospital Deoclécio Marques, onde foi lotado. No hospital Santa Catariana, o assédio moral é cotidiano. Segundo Simone Dutra, a insatisfação com a direção do hospital é tanta, que chega a mais de 70%. Ela afirmou que muitas vezes é impedida de entrar no hospital por ser do sindicato. Foi marcada uma reunião para o dia 27 de maio para resolver a situação do servidor Breno, que se estende há oito meses.
Para Simone, a saúde do trabalhador também é um dos pontos que requer bastante atenção. “Os trabalhadores estão adoecendo, eles não conseguem dar respostas às demandas nos seus locais de trabalho, porque não tem boas condições de trabalho. Diante disso, a implantação da Política de Saúde do trabalhador da saúde é muito importante para que eles passem a ter garantia de como anda a sua saúde”, disse.
O último ponto discutido foi a sobre a situação do hospital Deoclécio Marques, que a cada dia que passa pede socorro. Os servidores vêm sofrendo com a sobrecarga de trabalho e a falta de pessoal no hospital. Os corredores estão lotados de pacientes, as macas já viraram leitos, com cartazes com os nomes dos pacientes colados na parede.
Segundo a coordenadora de enfermagem, a situação é “assustadora”. “Para se ter uma ideia, nesta segunda-feira (18), atendemos na urgência umas criança em cima de um birô, pois não tinha onde atendê-la. O Deoclécio parece mais uma faixa de gaza, tem pacientes em cadeira de plástico nos corredores. Os servidores também estão sofrendo com isso, soubemos de casos que uma servidora teve síndrome de pânico ao entrar no hospital. Tá ruim pro paciente e ta ruim para os servidores!”, disse Márcia.
Além disso, outro problema mencionado é o plantão eventual. Os servidores estão cumprindo plantão eventual, pela ausência de profissionais e não estão recebendo.
O secretário pediu um prazo para que a UPA de parnamirim seja reaberta e a partir daí, formar um quadro para tentar resolver a situação do Deoclécio. E que os plantões eventuais serão pagos a partir de junho.
Ao final da reunião, Lagreca foi questionado sobre o prédio da Sesap que apresenta vários riscos aos servidores que trabalham no local. Os servidores pedem a saída imediata do prédio para outra sede, mas até o momento, mas a secretaria, não achou um novo prédio que comporte todos os setores da secretaria. O secretario afirmou que irá começar uma reforma no prédio para a retirada dos botijões de gás. A causa dos últimos vazamentos se deu por causa da válvula de um botijão de gás instalado na cozinha do 6º andar do edifício. "O prédio não apresenta nenhum problema na estrutura física, a única ameaça são os botijões de gás que podem causar incêndio e já iremos começar a reforma, até acharmos um novo prédio". Segundo o secretário, a reforma do prédio da Sesap custará R$21 mil reais.
Ainda nesta quinta-feira, o Sindsaúde terá uma audiência com o governador Robinson Faria, para tratar do reajuste salarial e do Projeto de Lei que estabelece uma Previdência Complementar, enviado à Assembleia Legislativa. “Os problemas que apontamos na greve do ano passado pelo déficit de pessoal continua. As condições de trabalho são desumanas. Precisamos ver uma saída imediata. Não dá para as pessoas arcarem com a crise do estado”, afirmou Simone.